Todo mundo quer ter sucesso e felicidade na vida. Porém, buscar viver melhor, de maneira obcecada, pode ser uma grande armadilha. Geralmente, a busca incessante pela felicidade acaba levando a coisas como lições e receitas de bolo instantâneas, comparações com perfis verificados no Instagram e uma absurda depressão ao ver que isso não leva a nada. E que sim, sua vida é um lixo.
Mas e aí, você aceita uma dica? Se ainda não tem um, adote um gato. Se já tem, inspire-se. William Bennett, genial e recomendadíssimo escritor americano, tem algo a falar sobre o tema:
“A felicidade é como um gato. Se você tentar atraí-lo ou chamá-lo, ele irá evitá-lo. Ele não virá. Mas se você não prestar atenção nele e continuar seus afazeres, você o encontrará se esfregando nas suas pernas e pulando no seu colo.”
Sim, eu sou um gateiro. E faz tempo.
Já tive vários gatos, desde criança: Lip, Garfield, Theodorozicz foram alguns deles – todos siameses. Hoje, eu tenho 5 gatas. Mas vou falar especificamente das 3, quem tem 4 patas – todas “vira-latas”. Por ordem de idade, Lucy, Malu e Kitz tem me inspirado diariamente a ser um cara melhor, em diversos níveis.
Elas me transmitem muita calma, equilíbrio, harmonia, e acima de tudo conexão. O que eu dou em troca é muito pouco, comparado com tudo o que ganho, apenas por observá-las, fazendo seu catwalk diário em meu apartamento.
E como a maioria dos gateiros, também consumo memes, fotos, vídeos e tudo mais relacionados ao tema. Super recomendo por exemplo a conta @wtfmiu no Twitter, com uma “dona” pra lá de descolada de 3 gatos sensacionais, com destaque claro para Miu, auto intitulado “chefe da dominação mundial felina”.
Acaricie um gato quando encontrar um
Para o escritor canadense Jordan B. Peterson, os gatos também são seres especiais. Em seu best-seller “12 Regras para a vida”, a última regra é bem específica: acaricie um gato quando encontrar um. A sua definição dos bichanos é simplesmente fantástica:
“…os gatos são independentes. Não são sociáveis ou hierárquicos (apenas casualmente). São apenas semi-domesticáveis. Eles não aprendem truques como os cães. São amigáveis nos próprios termos. Os cães foram domados, mas os gatos tomaram uma decisão. Parecem dispostos a interagir com as pessoas, por algum motivo estranho que só eles sabem. Para mim, os gatos são uma manifestação da natureza, do Ser, de uma forma quase pura. Além disso, eles são uma forma do Ser que olha o ser humano com aprovação.”
Jordan B. Peterson
Para Peterson, os gatos escolheram ficar com os humanos, e não o contrário. E ele tem razão.
Gatos não buscam viver melhor
Vou ampliar um pouco essa definição, citando alguns hábitos e características desses animais. Os gatos são, por definição, seres totalmente livres. Ou seja: bebem quando têm sede, comem quando têm fome, dormem quando sentem sono. Eles simplesmente fazem o que deve ser feito a cada momento sem necessidade de agradar ninguém.
A expressão facial monotemática dos gatos esconde muitos sentimentos. Por experiência própria, posso afirmar: são leais, fiéis e afetuosos. As suas demonstrações de carinho são íntimas e sutis e, ainda assim, tremendamente profundas. Mas é claro: só aqueles que sabem olhar para o seu interior com respeito e dedicação entenderão o seu amor.
Escolha amigos como um gato
Outra coisa que me agrada é como eles são seletivos com suas amizades. Geralmente, pessoas que são desequilibradas ou que frequentemente elevam sua voz para gritar jamais são do agrado dos gatos. Mas eles dão chance pra todo mundo – principalmente aos que tem traumas de gatos – de se aproximarem. Afinal, quem nunca viu um se esfregando na perna exatamente daquela visita que tem arrepios ou alergia a pelos?
Ou seja, gatos não têm preconceitos, mas são sagazes ao escolher com quem vão se relacionar. Também não vão se entregando de cara a desconhecidos. Quem já foi pra cima de um gato na rua, querendo fazer carinho, sabe do que estou falando. Dica: experimente se abaixar, não olhar diretamente e ser paciente. Você terá mais chances.
Viva melhor o presente, como um gato
Acima de tudo, minhas gatas me ensinaram a viver no presente, no agora. Suas ações são sempre intensas e precisas, sem preocupar-se com o resultado final. Focam muito mais no “como” e quase nada com o fim. Aliás, todo gato tem um método (instintivo é claro) nisso:
- Vêem a situação com muita atenção
- Não julgam se ela devia ter acontecido ou não.
- Decidem se devem agir ou simplesmente ignorar.
- Se vão agir, executam as ações de maneira absolutamente determinada. Pra alguns parece até loucura. Mas geralmente são bem sucedidos no que fazem: seja escapar, enfrentar o perigo ou brincar.
- Se escolhem ignorar, simplesmente esquecem o ocorrido, sem criar quaisquer problemas ou encanações.
Se faz bem pra mim, pode fazer a você também
Consegue sacar os benefícios de viver assim?
- Desenvolver a atenção plena.
- Dar muito mais atenção ao fazer do que ao resultado desejado.
- Ter toda a nossa atenção voltada para o momento presente.
- Ignorar algo ou alguém que não vale a pena.
- Não ficar inventando ou cultivando problemas.
Quando consigo fazer isso – e tenho me esforçado cada vez mais – percebo claramente um tremendo estado de presença, serenidade e paz. E pode acreditar: não estar mais preso aos resultados, fez com que tudo o que faço melhorasse consideravelmente.
De fato, tenho aprendido com minhas gatas muito mais do que aprendi com muitos livros. Vivo o presente. Escolho melhor as pessoas com que me relaciono, mas sem preconceitos. Ignoro coisas que na realidade são insignificantes. Não busco a felicidade de maneira obcecada. E ao mesmo tempo, percebi que sim, dá pra viver melhor. Mas sem neuras, afinal.
Em resumo, da próxima vez que puder, acaricie um gato. Observe-o, mas sem encarar. Absorva tudo que puder. E viva melhor, sem dúvida alguma.