O povo de Havana tem algo a nos ensinar – acredite.

por | mar 16, 2016 | ambiente, cidades, coluna, economia, Mundo, Sem categoria, sociedade, urbanismo | 0 Comentários

O povo de Havana tem algo a nos ensinar – acredite.

Após uma viagem longa, você chega no hotel, exausto, precisando usar o banheiro, porém surpresa! Sem papel higiênico. Ao procurar o gerente, que indicou o dono do hotel, você percebe este “luxo” não é oferecido aos hóspedes.

Procurando no bairro, sem sucesso, acaba tendo de oferecer pesos aos adolescentes nas ruas para trazer papel higiênico de suas casas. Eles explicariam, em tom cômico, que não tinham nenhum papel higiênico disponível. Um deles explica que por aqui, “papel higiênico é gourmet, como chocolate”.

“Aqui em Havana, temos um ditado”, complementa: “Dizemos, ‘cubanos têm um bom traseiro. Qualquer papel serve – papel higiênico, jornal, um livro’.”

O relato, que pode espantar muitos que ainda tem uma visão romântica da terra dos irmãos Castro, ilustra bem a carência total e absoluta de quem vive na ilha. Carência de tudo.

Cuba é muitas vezes ridicularizada, apropriadamente, como uma nação perdida no tempo, que não foi capaz de modernizar suas casas, carros, e tudo mais, graças à sua política econômica. Mesmo assim, temos algo a aprender com a cidade. Assim como o tão polêmico Uber, o 99 Táxis e a todos os governos em geral.

Até 2009, o único sistema de táxis o país era o tradicional, como o brasileiro. Para melhorar a renda dos cidadãos o governo passou a permitir desde então o compartilhamento de caronas em carros particulares. Ou seja, todo mundo poderia usar seu carro como táxi.

O sistema tradicional continuou existindo, e atendendo, apenas aos turistas que tinham condição de pagá-lo. Já o sistema novo, apelidado “carros particulares”, custa 40 centavos de dólar. Adivinhe qual o povo utiliza?

Mas qual a forma que eles usam pra se comunicar? Qual aplicativo? Talvez o mais antigo de todos: o aceno. Basta ir à esquina de uma avenida movimentada e dar sinal com a mão indicando a direção desejada. Quando um carro encosta, o motorista rapidamente negocia o quão próximo ao seu destino ele pode deixá-lo. Caso opte por não entrar, outro motorista provavelmente já estará logo atrás. Quer saber mais sobre o sistema? Veja um artigo na revista Forbes e outro no excelente Caos Planejado.  

Quais as vantagens do sistema? Rapidez, economia e segurança para quem utiliza o serviço. Renda para quem o fornece. E para a cidade, maior fluidez e MENOS CARROS nas ruas, com menos congestionamentos.

Toda esta conversa tem a ver com um tema extremamente importante para a qualidade de vida de todos nós: a MOBILIDADE URBANA. A forma como nos deslocamos influencia diretamente nossa vida e nossas cidades.

Já parou pra pensar nisso? Como você se desloca no dia a dia? Está satisfeito com o tempo que gasta em suas viagens? E a qualidade de seu transporte, deixa a desejar?