Sêneca escreveu de maneira categórica sobre o quão absurda é a necessidade de “se vingar” ao sentir raiva. Afinal, ninguém pensaria em devolver uma mordida a um cachorro ou chutar uma mula, afinal.
Mas, quando alguém nos machuca ou nos irrita, é exatamente isso que fazemos.
Nesse instante, em que você está lendo, fica fácil sorrir dessa analogia inteligente. Ele está certo, pensamos, ninguém morderia um cachorro! Já daria pra internar um sujeito atacando um animal, não daria? Como diria Dana:
“O cachorro morder o homem não é notícia, notícia é um homem ter mordido um cachorro.”
Charles Dana
A raiva te transforma em quê?
Porém os momentos em que estamos com raiva, nos transformamos em um animal diferente. Basta pensar em uma dessas cenas… Quem nunca:
- Jogou um controle remoto de televisão que não estava funcionando ou esmurrou um caixa eletrônico que simplesmente não tinha dinheiro pra saque?
- Bateu no teclado do computador quando ele deu pau (afinal, software é o que você xinga, e hardware é o que você bate)?
- Chutou o brinquedo de uma criança do outro lado da sala depois de pisar dolorosamente nele no meio da noite?
- Gritou obscenidades aos seus fones de ouvido quando suas mãos são presas pelo cabo ou você acidentalmente os arranca da cabeça sem querer?
- Teve que resistir à vontade de jogar seu celular no mar ou do alto de um prédio quando ele se nega a fazer o que você precisa?
Vamos combinar: tentar punir fisicamente objetos inanimados pode ser uma definição singela de loucura. O fato de que, com raiva, frequentemente quebrarmos ou danificarmos nossos bens já diz muito sobre esse “sentimento”. Simplesmente tentamos nos castigar e enviar uma mensagem para algo que por definição não pode recebê-la.
Pare de ficar pistola, nervosinho.
Sim, com certeza é difícil controlar a demonstração de raiva.
E sim, demonstrá-la é vergonhosamente estúpido e irracional.
Dicas? Sim, tenho algumas. Na próxima vez que sentir raiva, ficar bem pistola mesmo, lembre-se que:
- Aquele momento não é a sua vida. É apenas um momento em sua vida.
- Sempre vale a pena considerar as coisas ruins como irrelevantes.
- Não controlamos a realidade. Porém, podemos com certeza controlar a nossa percepção dela. Coloque a sua percepção a seu favor.
- Quando acontece algo que nos irrita, sempre temos a opção de não criar um problema em relação aquilo. E se não criamos um problema, não sofremos. Se não sofremos, não faremos que outro sofra.